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terça-feira, 12 de abril de 2011

Doenças resistentes a antibióticos: alerta da OMS

Uma matéria no Scidev do dia 7 me chamou bastante a atenção: a Organização Mundial da Saúde advertia que estamos caminhando para uma "era pós-antibiótico", em que infecções comuns se tornariam resistentes aos medicamentos e novamente letais. A resistência de vários micróbios aos antibióticos está se aproximando de um nível crítico no qual novos remédios não chegarão a tempo.

Eu não tinha ideia da dimensão desse problema. A tuberculose é o caso mais famoso - só no ano passado, foram registrados 440 mil casos de variedades dessa doença resistente a grande número de antibióticos; tuberculose resistente aos medicamentos mais eficazes já foi detectada em 64 países -, mas as coisas estão piorando também para a malária e para a Aids.

Por que isso acontece? O artigo menciona, como parte das motivos, características "estruturais" do sistema econômico, como a recusa de empresas produtoras em pesquisar novos remédios apenas para depois as vendas em quantidade serem impedidas, justamente para evitar a disseminação da resistência a elas. Para evitar isso seriam necessários novos mecanismos de financiamento para as pesquisas.

Mas há muitos outras razões, cada uma com suas respectivas estratégias de mitigação. Sobre soluções, a OMS publicou na semana passada um conjunto de informações sobre o tema que inclui um pacote de sugestões de políticas públicas para melhorar essa situação (aqui, a versão em espanhol). Cita o desenvolvimento de planejamentos nacionais pelos países, o incentivo às pesquisas, a garantia de acesso a medicamentos de qualidade, a intensificação do controle das doenças e a regulamentação do uso racional dos remédios.

Acrescento que este último item, o uso racional dos remédios, remete à difusão de educação e conhecimento em meio à população em geral. Quem nunca viu pessoas que dividem comprimidos para "renderem mais" ou que páram de tomar antibióticos assim que os sintomas desaparecem, ou que compram antibióticos por sua própria conta em farmácias que os vendem indiscriminadamente sem receita médica? Está aí um toque para nossos jornalistas e divulgadores científicos.

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