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terça-feira, 5 de abril de 2011

Amelia Imperio Hamburger (1932-2011)

Faleceu no dia 1 de abril Amelia Imperio Hamburger, física e pesquisadora de história e epistemologia dessa ciência. Começou a trabalhar com física nuclear na década de 50, quando esta área estava se iniciando no Brasil - pode-se dizer que os estudos nucleares no país começaram em 1950, quando Marcelo Damy de Souza Santos (que foi seu professor) construiu o primeiro acelerador de partículas brasileiro, na USP. Mais tarde, Amelia trabalhou com baixas temperaturas (próximas do zero absoluto).

Mas ela é mais conhecida por suas atividades em história e filosofia da ciência. Produziu diversos livros sobre história da física, da ciência em geral e da arte. Vinha participando de um projeto de recuperação da história da ciência em São Paulo; um dos subprodutos dessa pesquisa foi o volume 1 da "Obra científica de Mario Schenberg (1936-1948)", publicado em 2008 e que recebeu o prêmio Jabuti em 2010. Teve também papel fundamental na arquivística da história do Instituto de Física na USP - que se confunde com a história da origem da própria pesquisa em física no Brasil como a conhecemos hoje e, portanto, possui acervo documental de inestimável valor.

Sua importância, porém, tem outras dimensões. Quando se lê biografias sobre ela (não as que apareceram agora, mas as escritas durante sua vida), nota-se que foi daqueles pesquisadores que contribuem não só com o conteúdo da ciência em si, mas com a organização institucional da pesquisa científica (teve participação importante na fundação da Sociedade Brasileira de Física) e com a formação de pessoas.

Esses depoimentos também mostram que ela se destacou em outra dimensão importante de um pesquisador, a difusão de um espírito de pluralidade, crítica e combatividade na academia. No livro "A cultura da física; contribuições em homenagem a Amelia Imperio Hamburger", por exemplo, aparecem várias manifestações desse tipo. É notório o carinho com que seus alunos se referem a ela.

Não são características fáceis de se avaliar e de se transmitir às gerações posteriores. "Para explicar a importância da Amelia, torna-se necessário adotar uma perpesctiva que, infliezmente, tem sido pouco valorizada nos nossos dias", escreveram Silvio Salinas e Antonio Augusto Videira, na introdução ao livro.

Tudo isso também a torna uma personagem importante na história da inserção das mulheres no ambiente científico brasileiro.

Saiba mais sobre Amelia Hamburger nesta reportagem da Fapesp.

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